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Doha Climate Gateway: o pacote de decisões aprovado na COP18

Domingo, 09.12.12

Principais documentos (em PDF) aprovados na 18ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP18), que decorreu em Doha, no Qatar, entre 26 de Novembro e 8 de Dezembro de 2012:

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por Quercus às 18:54

"Negociações de Doha enterraram no deserto a acção internacional sobre o clima"

Domingo, 09.12.12

Seis das maiores ONG internacionais de ambiente e de desenvolvimento e a Confederação Sindical Internacional fazem um balanço muito negativo da COP18, a conferência das Nações Unidas que terminou ontem em Doha, no Qatar, e condenam os políticos, sobretudo dos EUA, Canadá, Nova Zelândia, Japão, Rússia e Polónia, por terem bloqueado qualquer progresso, assim como a UE e a Austrália por não terem cumprido as suas responsabilidades em matéria de cortes nas emissões e de financiamento.

No final da semana, ActionAid, Christian Aid, Amigos da Terra, Greenpeace, Oxfam e WWF disseram aos governos que qualquer acordo em Doha teria de assegurar a redução de emissões, fornecer financiamento e garantir que um futuro acordo fosse ambicioso e equitativo [ver comunicado]. O apelo, apoiado pela Quercus, deu voz às reivindicações dos movimentos sociais dos países em desenvolvimento e foi subscrito pela Confederação Sindical Internacional.

Em conjunto, as sete organizações afirmaram que os Governos perderam o contacto com a realidade das alterações climáticas, um problema que está a afectar as vidas e o sustento de milhões de pessoas em todo o mundo, através de tempestades, inundações, secas, clima instável, aumento do nível do mar e degelo dos glaciares. As fontes de água e de alimentos também estão sob ameaça, e muitos lares e comunidades têm sido duramente atingidos por impactos climáticos.

Em Doha os Governos falharam, porque os países desenvolvidos não se comprometeram com metas ambiciosas de redução de pelo menos 40% das emissões até 2020, com base em 1990; não asseguraram o financiamento público necessário para aqueles que já são afectados pelas alterações climáticas e para ajudar à transformação necessária nos países em desenvolvimento; nem tão pouco garantiram um futuro acordo climático global ambicioso e equitativo em 2015.

Para estas organizações, a crise climática só será resolvida quando os movimentos sociais tiverem força para obrigar os governos a colocar o interesse das pessoas e do planeta à frente dos interesses económicos de curto prazo. Este movimento tem de trabalhar para ajudar a transformar a nossa comida e energia a nível nacional e global, e para criar uma economia sustentável e de baixo carbono, com empregos decentes e meios de vida para todos. Qualquer hipótese de sucesso para um acordo ambicioso e equitativo global em 2015 depende agora da mobilização de milhões de pessoas em todo o mundo em prol da justiça climática.

"O fracasso dos países ricos, como os EUA, em garantir que as emissões descem e em aumentar o financiamento climático público para salvar vidas, arrisca a condenar o mundo a mais fome. Para as comunidades pobres que enfrentam um clima mais extremo e irregular que atinge severamente as colheitas e pode fazer disparar o preço dos alimentos, combater as alterações climáticas é também uma questão de ter comida na mesa. O resultado obtido em Doha só vai tornar essa tarefa mais difícil nos próximos anos”.
Celine Charveriat, Oxfam Internacional

Este acordo fraco e perigosamente ineficaz  não passa de uma carta de intenções de uma indústria poluente: legitima uma abordagem de inacção enquanto cria a miragem de que os governos estão a agir no interesse do planeta e dos seus habitantes. Doha foi uma zona de desastre, onde países pobres em desenvolvimento capitularam perante os interesses dos países ricos, que acabam por condenar os seus próprios cidadãos aos piores impactos da crise climática. A culpa pelo desastre em Doha pode ser atribuída directamente a países como os EUA, que têm bloqueado e intimidado quem tem uma postura séria na luta contra as alterações climáticas. A nossa única esperança está na sensibilização das pessoas para que tomem medidas.”
Asad Rehman, Amigos da Terra EWNI

"Em Doha, os países ricos quase não se comprometeram com financiamento para a questão das alterações climáticas, e recusaram clarificar como planeiam cumprir o compromisso de angariar anualmente 100 mil milhões de dólares até 2020. O financiamento climático não é ajuda nem caridade, é ter os países industrializados a pagar pelos danos que causaram ao provocarem esta crise climática. E estes países não podem continuar a deixar esta conta injusta para os países pobres, como fizeram em Doha."
Harjeet Singh, ActionAid

“Não haverá empregos num planeta morto, nem uma transição justa com este resultado. Quanto mais esperarmos por metas ambiciosas de redução de emissões, mais a transição será injusta. Precisamos de tempo para construir uma transição justa, para colocar em prática as políticas industriais e sociais que ajudem os trabalhadores a participar plenamente numa economia sustentável. Os adiamentos tornarão a nossa tarefa mais difícil, quase impossível. Para ser justo, a transição deve começar agora.
Sharan Burrow, Confederação Sindical Internacional (CSI)

"O que a ciência nos diz, e o que milhões de pessoas sentiram este ano, é de que a luta contra as alterações climáticas é agora extremamente urgente. Cada ano conta, e cada ano de inacção por parte dos governos aumenta o risco para todos nós. E este ano temos um acordo vergonhosamente fraco, tão afastado da ciência que deve levantar questões éticas aos responsáveis. Colectivamente, responsabilizamos os líderes políticos, porque exigimos um verdadeiro acordo em 2015.
Samantha Smith, WWF

“As alterações climáticas ceifam vidas todos os dias. E os responsáveis pelo atraso na adopção de um acordo global para combater as mudanças climáticas, aqui em Doha, deviam ter vergonha. A sua inacção será paga em vidas e meios de subsistência. Pedimos ao Banco Mundial, PriceWaterhouseCoopers, Agência Internacional de Energia e outros para colocarem dinheiro no que afirmam. Na véspera de Doha, estas entidades emitiram fortes avisos para impulsionar os governos à acção, mas falharam. Neste jogo global, alguém tem de dar o primeiro passo. Por que não as próprias corporações que conduzem às alterações climáticas, que precisam de perceber que não há lucro num planeta morto?"
Kumi Naidoo, Greenpeace Internacional

“O adiamento da necessária acção urgente em Doha significa que os cortes de carbono nos próximos oito anos serão insuficientes e tardios para parar o progresso inexorável da mudança climática. O mundo sofreu mais um ano de clima extremo e os cientistas dizem que isso só vai piorar. E o que vemos agora resulta de apenas 0,8 graus de aquecimento acima dos níveis pré-industriais. Imagine-se como será se o mundo continuar neste caminho para um aquecimento superior a dois graus.” 
Mohamed Adow, Christian Aid

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por Quercus às 16:38