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Clima e dinheiros...

Segunda-feira, 10.12.12

Na reunião anual da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas que terminou no sábado, dia 8 de Dezembro, e em que participei representando a Quercus, um conjunto de decisões chamadas de “pacote de Doha” acabariam por ser tomadas após horas e horas de negociações, incluindo uma noite sem dormir já na parte final.

Se houve muitos aspetos em discussão, incluindo a decisão de prolongar o Protocolo de Quioto até final de 2020 que foram importantes, o financiamento e a responsabilidade financeira sobre perdas e danos associados às alterações climáticas foram duas das vertentes mais críticas da negociação. Infelizmente, e com a crise económica a pesar em diversos países desenvolvidos, não foi possível estabelecer metas intermédias para a partir de 2020 se garantir 100 mil milhões de dólares por ano para o Fundo Climático Verde destinado à adaptação e também à mitigação, para além do valor inicial até ao final de 2012, de 30 mil milhões de dólares, ainda estar longe de ser atingido.

A outra matéria prende-se com a necessidade de reforçar a cooperação internacional e o conhecimento para entender e reduzir perdas e danos associados aos efeitos adversos da mudança do clima. O estabelecimento de um programa de trabalho para lidar com perdas e danos associados com os impactes das mudanças climáticas nos países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do clima é um assunto crucial, a que os Estados Unidos se opuseram por considerar que poderá ter custos elevadíssimos para os países mais responsáveis pelas alterações climáticas, isto é, os que historicamente contribuíram com mais emissões de gases com efeito de estufa.

O economista inglês Nicholas Stern em 2006, contabilizou os custos da inação em relação às alterações climáticas e facilmente ficámos a perceber que os impactes nos sairão muito caros já e no futuro. O processo à escala mundial de decisão na área do clima é porém muito vago e estava na altura de aumentar a ambição, mas não houve mudanças políticas profundas. É preciso trabalhar para as populações e não para os poluidores. De Doha não há cortes significativos nas emissões e, como se disse, não se vê o dinheiro. É preciso mobilizar cada vez mais a sociedade a os políticos para encarar, mesmo em tempos difíceis, as soluções e a ajuda que temos de implementar para minimizar os efeitos das alterações climáticas.

Francisco Ferreira (artigo publicado no site Visão Verde - http://visao.sapo.pt/verde)

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Doha Climate Gateway: o pacote de decisões aprovado na COP18

Domingo, 09.12.12

Principais documentos (em PDF) aprovados na 18ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP18), que decorreu em Doha, no Qatar, entre 26 de Novembro e 8 de Dezembro de 2012:

[Mais documentos]

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por Quercus às 18:54

"Negociações de Doha enterraram no deserto a acção internacional sobre o clima"

Domingo, 09.12.12

Seis das maiores ONG internacionais de ambiente e de desenvolvimento e a Confederação Sindical Internacional fazem um balanço muito negativo da COP18, a conferência das Nações Unidas que terminou ontem em Doha, no Qatar, e condenam os políticos, sobretudo dos EUA, Canadá, Nova Zelândia, Japão, Rússia e Polónia, por terem bloqueado qualquer progresso, assim como a UE e a Austrália por não terem cumprido as suas responsabilidades em matéria de cortes nas emissões e de financiamento.

No final da semana, ActionAid, Christian Aid, Amigos da Terra, Greenpeace, Oxfam e WWF disseram aos governos que qualquer acordo em Doha teria de assegurar a redução de emissões, fornecer financiamento e garantir que um futuro acordo fosse ambicioso e equitativo [ver comunicado]. O apelo, apoiado pela Quercus, deu voz às reivindicações dos movimentos sociais dos países em desenvolvimento e foi subscrito pela Confederação Sindical Internacional.

Em conjunto, as sete organizações afirmaram que os Governos perderam o contacto com a realidade das alterações climáticas, um problema que está a afectar as vidas e o sustento de milhões de pessoas em todo o mundo, através de tempestades, inundações, secas, clima instável, aumento do nível do mar e degelo dos glaciares. As fontes de água e de alimentos também estão sob ameaça, e muitos lares e comunidades têm sido duramente atingidos por impactos climáticos.

Em Doha os Governos falharam, porque os países desenvolvidos não se comprometeram com metas ambiciosas de redução de pelo menos 40% das emissões até 2020, com base em 1990; não asseguraram o financiamento público necessário para aqueles que já são afectados pelas alterações climáticas e para ajudar à transformação necessária nos países em desenvolvimento; nem tão pouco garantiram um futuro acordo climático global ambicioso e equitativo em 2015.

Para estas organizações, a crise climática só será resolvida quando os movimentos sociais tiverem força para obrigar os governos a colocar o interesse das pessoas e do planeta à frente dos interesses económicos de curto prazo. Este movimento tem de trabalhar para ajudar a transformar a nossa comida e energia a nível nacional e global, e para criar uma economia sustentável e de baixo carbono, com empregos decentes e meios de vida para todos. Qualquer hipótese de sucesso para um acordo ambicioso e equitativo global em 2015 depende agora da mobilização de milhões de pessoas em todo o mundo em prol da justiça climática.

"O fracasso dos países ricos, como os EUA, em garantir que as emissões descem e em aumentar o financiamento climático público para salvar vidas, arrisca a condenar o mundo a mais fome. Para as comunidades pobres que enfrentam um clima mais extremo e irregular que atinge severamente as colheitas e pode fazer disparar o preço dos alimentos, combater as alterações climáticas é também uma questão de ter comida na mesa. O resultado obtido em Doha só vai tornar essa tarefa mais difícil nos próximos anos”.
Celine Charveriat, Oxfam Internacional

Este acordo fraco e perigosamente ineficaz  não passa de uma carta de intenções de uma indústria poluente: legitima uma abordagem de inacção enquanto cria a miragem de que os governos estão a agir no interesse do planeta e dos seus habitantes. Doha foi uma zona de desastre, onde países pobres em desenvolvimento capitularam perante os interesses dos países ricos, que acabam por condenar os seus próprios cidadãos aos piores impactos da crise climática. A culpa pelo desastre em Doha pode ser atribuída directamente a países como os EUA, que têm bloqueado e intimidado quem tem uma postura séria na luta contra as alterações climáticas. A nossa única esperança está na sensibilização das pessoas para que tomem medidas.”
Asad Rehman, Amigos da Terra EWNI

"Em Doha, os países ricos quase não se comprometeram com financiamento para a questão das alterações climáticas, e recusaram clarificar como planeiam cumprir o compromisso de angariar anualmente 100 mil milhões de dólares até 2020. O financiamento climático não é ajuda nem caridade, é ter os países industrializados a pagar pelos danos que causaram ao provocarem esta crise climática. E estes países não podem continuar a deixar esta conta injusta para os países pobres, como fizeram em Doha."
Harjeet Singh, ActionAid

“Não haverá empregos num planeta morto, nem uma transição justa com este resultado. Quanto mais esperarmos por metas ambiciosas de redução de emissões, mais a transição será injusta. Precisamos de tempo para construir uma transição justa, para colocar em prática as políticas industriais e sociais que ajudem os trabalhadores a participar plenamente numa economia sustentável. Os adiamentos tornarão a nossa tarefa mais difícil, quase impossível. Para ser justo, a transição deve começar agora.
Sharan Burrow, Confederação Sindical Internacional (CSI)

"O que a ciência nos diz, e o que milhões de pessoas sentiram este ano, é de que a luta contra as alterações climáticas é agora extremamente urgente. Cada ano conta, e cada ano de inacção por parte dos governos aumenta o risco para todos nós. E este ano temos um acordo vergonhosamente fraco, tão afastado da ciência que deve levantar questões éticas aos responsáveis. Colectivamente, responsabilizamos os líderes políticos, porque exigimos um verdadeiro acordo em 2015.
Samantha Smith, WWF

“As alterações climáticas ceifam vidas todos os dias. E os responsáveis pelo atraso na adopção de um acordo global para combater as mudanças climáticas, aqui em Doha, deviam ter vergonha. A sua inacção será paga em vidas e meios de subsistência. Pedimos ao Banco Mundial, PriceWaterhouseCoopers, Agência Internacional de Energia e outros para colocarem dinheiro no que afirmam. Na véspera de Doha, estas entidades emitiram fortes avisos para impulsionar os governos à acção, mas falharam. Neste jogo global, alguém tem de dar o primeiro passo. Por que não as próprias corporações que conduzem às alterações climáticas, que precisam de perceber que não há lucro num planeta morto?"
Kumi Naidoo, Greenpeace Internacional

“O adiamento da necessária acção urgente em Doha significa que os cortes de carbono nos próximos oito anos serão insuficientes e tardios para parar o progresso inexorável da mudança climática. O mundo sofreu mais um ano de clima extremo e os cientistas dizem que isso só vai piorar. E o que vemos agora resulta de apenas 0,8 graus de aquecimento acima dos níveis pré-industriais. Imagine-se como será se o mundo continuar neste caminho para um aquecimento superior a dois graus.” 
Mohamed Adow, Christian Aid

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por Quercus às 16:38

Quioto continua mas compromissos e ambição ficam muito aquém do necessário

Sábado, 08.12.12

Conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas aprova Pacote de Doha no Qatar após maratona negocial

Na Conferência de Doha, os governos ficaram aquém das decisões necessárias para evitar o caminho para alterações climáticas catastróficas. O pacote de Doha desilude e trai o nosso futuro. Os elementos importantes para lidar com um clima em mudança ficam bastante aquém do necessário.

Enquanto o planeta aquece e eventos meteorológicos extremos passam a ser a norma, o intervalo entre os atuais esforços para reduzir as emissões de carbono e o que a ciência diz serem necessários é cada vez maior.

Doha deveria ser uma fase de transição nas negociações do clima a caminho de um novo acordo em 2015 e de maior ambição, mas infelizmente não se evoluiu para um mundo mais seguro e com maior equidade, assegurando-se apenas os sinais vitais para continuar um trabalho que está cada vez mais atrasado. Os receios relativos a uma Presidência da Conferência que poderia não desenvolver os trabalhos da forma mais eficaz vieram a confirmar-se, a par da enorme divergência nalgumas matérias entre países como os Estados Unidos da América, a China, e muitos países menos desenvolvidos e mais frágeis. A União Europeia teve dificuldades de negociação nalgumas áreas importantes como os créditos de emissão não utilizados de alguns países, tendo-se destacado pela negativa a Polónia que curiosamente acolherá em Varsóvia esta reunião anual em Novembro de 2013.

Foram tomadas decisões relevantes, como seja a continuação do Protocolo de Quioto até final de 2020, mas há muitos assuntos associados que saíram fragilizados e que que poderão constituir precedentes para a negociação do futuro acordo a ser definido até 2015. Os países em desenvolvimento, em particular os mais pobres e vulneráveis, continuam a ver o seu futuro comprometido. Discutiram-se durante horas detalhes irrelevantes quando eram precisas decisões e avanços em várias vertentes por parte de todos os países.

O egoísmo e a avaliação de curto prazo de cada um dos países e/ou grupos de países vai assim continuar a pôr em causa o desenvolvimento sustentável e o futuro das próximas gerações.

Protocolo de Quioto continua até 2020

Um dos aspetos mais decisivos nesta Conferência em Doha era a continuação do Protocolo de Quioto cujo primeiro período de cumprimento termina agora no final de 2012. Com os Estados Unidos da América de fora desde sempre, o Canadá fora desde o ano passado e agora a Rússia, o Japão e também a Nova Zelândia que se mantêm em Quioto mas sem metas de redução, foi difícil definir o novo enquadramento até final de 2020. Apesar de Quioto estabelecer novas objetivos de redução para um grupo de países praticamente limitado à Europa e Austrália, as regras para este segundo período de cumprimento são muito importantes como ponto de partida ou comparação para o futuro acordo que se perspetiva para 2015.

Aprovou-se a possibilidade de qualquer país desenvolvido, mesmo fora de Quioto, poder participar no mecanismo de desenvolvimento limpo – projetos nos países em desenvolvimento que se traduzem numa redução de emissões de carbono. Aspetos como a transferência do excesso de créditos de emissão dos países desenvolvidos entre períodos de cumprimento foi um dos pontos relevantes da discussão, tendo-se ficado aquém do desejado cancelamento destes direitos não usados, obrigando assim a um verdadeiro esforço de redução de emissões.

Novo Acordo para 2015 e esforço de redução até 2020

Na conferência de Durban o ano passado ficou decidido que um dos objetivos fundamentais é concretizar em 2015 um acordo envolvendo todos os países, a entrar em vigor em 2020, havendo também medidas de mitigação das emissões a serem implementadas até 2020. As conclusões aprovadas em Doha estabelecem duas linhas de trabalho correspondentes às duas vertentes referidas, com um calendário definido de reuniões para 2013. Porém, ao não fixar objetivos concretos e ambiciosos desde já, dificilmente vamos conseguir contrariar o percurso que vários estudos demonstraram nas últimas semanas de um aumento previsível de 4 graus Celsius em relação à era pré-industrial, e já com consequências dramáticas para as populações e para o ambiente.

Financiamento / Perdas e danos

O financiamento foi uma das vertentes mais críticas da negociação, na medida em que não se estabelecem metas intermédias para a partir de 2020 se garantir 100 mil milhões de dólares por ano para o Fundo Climático Verde destinado à adaptação e também à mitigação, para além do valor inicial até ao final de 2012, de 30 mil milhões de dólares, ainda estar longe de ser atingido. A crise económica levou a que não houvesse grandes compromissos nesta matéria, apesar de alguns anúncios de países desenvolvidos durante a Conferência e que foram devidamente registados.

Uma outra matéria prende-se com a necessidade de reforçar a cooperação internacional e o conhecimento para entender e reduzir perdas e danos associados aos efeitos adversos da mudança do clima. O estabelecimento de um programa de trabalho para lidar com perdas e danos associados com os impactes das mudanças climáticas nos países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do clima é um assunto crucial, a que os Estados Unidos se opuseram por considerar que poderá ter custos elevadíssimos para os países principalmente responsáveis pelas alterações climáticas.

O processo é muito vago e estava na altura de aumentar a ambição, mas não houve mudanças políticas profundas. É preciso trabalhar para as populações e não para os poluidores. De Doha não há cortes significativos nas emissões e não se vê o dinheiro. É preciso estar com os países pobres e vulneráveis. É preciso desafiar e envolver a economia (o capital e a indústria) e mudar a política de países como os EUA que bloquearam o processo em várias vertentes. Mais uma vez, salvou-se o processo (e bem), mas ainda não se salvou o clima.

A Quercus relatou e comentou todo o processo negocial através do blog http://doha.blogs.sapo.pt.

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por Quercus às 17:33

COP18 chega finalmente ao fim com a aprovação do 'Doha Climate Gateway'

Sábado, 08.12.12

[Actualizado] Depois de longas horas de atraso e de espera, o vice-primeiro-ministro do Qatar, Abdullah al-Attiyah, presidente da COP18, reiniciou os trabalhos pouco antes das 19 horas locais e em cerca de dois minutos fez aprovar o conjunto de documentos negociados. O resultado, apelidado de Doha Climate Gateway, não deixa ninguém totalmente satisfeito, mas é considerado razoável por quase todas as Partes.

Os EUA aceitaram a decisão, mas colocam algumas reservas a alguns parágrafos, à semelhança de outros países que submeteram declarações interpretativas das decisões. A Rússia contestou a forma como o processo foi conduzido alegando que pediu para intervir antes da aprovação do "pacote" de Doha, que não contempla as suas propostas. O presidente da COP18 respondeu que a decisão adoptada reflecte a vontade das Partes e agradeceu à Rússia, que interveio também em nome da Bielorrússia e da Ucrânia. No entanto, os russos insistiram e pediram um ponto de ordem, apelando da decisão do presidente da COP. Abdullah al-Attiyah não cedeu e reiterou que "as decisões tomadas hoje reflectem a vontade do todo em ter resultados em Doha". Assegurou, no entanto, que as preocupações e propostas russas serão reflectidas no relatório da COP.

Seguiram-se intervenções de países e grupos a saudar o resultado da COP, nomeadamente da Argélia em nome do G77 e da China, país que interveio de seguida em nome dos países BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), para dizer que apesar de estar descontente com alguns documentos, está pronto a aceitar o pacote de decisões de Doha. Vários países saudaram continuação do Protocolo de Quioto através de um segundo período de cumprimento, e garantem que não irão adquirir licenças e emissão excedentárias do primeiro período (AAUs ou 'Ar quente'). Incluídos neste grupo estão a Austrália, a União Europeia, Liechtenstein, Japão, Mónaco, Noruega e Suíça. Seguiram-se várias intervenções de saudação ao trabalho da presidência da COP18 e ao resultado obtido no Qatar.

Numa declaração há minutos, Abdullah al-Attiyah agradeceu o empenho político e a flexibilidade dos negociadores e admitiu que em algumas matérias não houve consenso, mas reforçou que a aprovação do pacote de Doha baseou-se na necessidade de avançar com as negociações. No final do discurso escrito improvisou, para falar "do fundo do coração". "Fiz o meu melhor para vos deixar um sorriso a todos, da forma mais transparente e sincera, sem 'quartos escuros', mas estas são negociações difícieis e exigentes".

No final ouviram-se as críticas dos grupos de observadores, nomeadamente da sociedade civil (Rede de Ação Climática), dos sindicatos e dos jovens, que foram unânimes na desilusão pelo resultado pouco ambicioso da COP18.

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Acompanhe o final da COP18 através do twitter @QuercusCOP18

Sábado, 08.12.12

Mais em https://twitter.com/QuercusCOP18

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por Quercus às 12:06

80 mil vozes belgas marcam recta final da COP18

Sexta-feira, 07.12.12

A última sequência de sessões da COP18, em Doha, abriu perto das 23h40 locais (20h40 em Lisboa), com a exibição do vídeo “Do it now”, um tema cantado por mais de 80 mil belgas na iniciativa “Cante pelo clima”, que pede à comunidade internacional que assuma compromissos concretos contra as alterações climáticas. Mais sobre a iniciativa em www.singfortheclimate.com. A primeira decisão da noite foi a realização da COP19 em Varsóvia, na Polónia, em 2013.

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por Quercus às 20:45

“As próximas horas são as últimas horas”

Sexta-feira, 07.12.12

[Actualizado] Abdullah bin Hamad al Attiyah, presidente da COP18, fez há momentos um ponto de situação e marcou nova sessão informal para as 23h locais, 20h de Lisboa. "Quero que regressem aqui às 23h com fumo branco”, apelou o vice-Ministro do Qatar, salientando que "as próximas horas são as últimas horas", uma mensagem com um duplo siginificado, já que estão em causa não só as negociações, como o futuro do clima do planeta.

Entretanto decorrem negociações a vários níveis. A ministra Assunção Cristas, por exemplo, integra a equipa negocial da UE conjuntamente com os ministros do Reino Unido e da Finlândia para concluir os trabalhos do grupo LCA (Cooperação de Longo Prazo).

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por Quercus às 16:15

Contrastes Catarianos – Uma conferência diferente

Sexta-feira, 07.12.12

O Centro de Congressos em Doha onde tem lugar esta COP18 é realmente a melhor infraestrutura alguma vez utilizada para um evento desta natureza. Da zona dos hotéis até aqui são cerca de 30 minutos de autocarro se não houver transito e não formos obrigados a passar numa zona de exposições (onde ainda não descobri se alguém efetivamente vai lá…).Uma área enorme climatizada, com rede wireless em todo o lado, salas confortáveis, um design espetacular, mapas a indicarem as zonas verde e azul que nos obrigam a fazer algum exercício a percorrer de um lado para o outro o enorme pavilhão.

As escadas rolantes só começam a funcionar quando nos aproximamos… 3500 metros quadrados de painéis fotovoltaicos fornecem 12,5% da energia necessária ao Centro.

 

 

 

 

Já não há distribuição de documentos em papel – é tudo assegurado por códigos para smartphones e iPads (e quem tem um reles computador como eu já tem dificuldades em aceder na hora aos documentos acabados de sair). Contas feitas, até hoje fala-se em 2 milhões de folhas de papel poupadas. 

 

 

 

 

 

Mas vamos ao reverso da medalha – os autocarros, mesmo quando se está à espera, nunca são desligados; só se ouve tossir à custa do gelo que o ar condicionado proporciona, desde os referidos autocarros até qualquer sala no centro; os parques de estacionamento exteriores estão iluminados à custa de geradores a gasóleo; há locais para recolha seletiva de resíduos, mas ficam-me dúvidas sobre o seu destino; se há algumas áreas com vegetação e rega gota a gota, o que por estas paragens não sei se faz muito sentido, há relva a ser regada com mangueiras; em frente ao centro de congressos há edifícios em construção 24 horas com imensas luzes acesas toda a noite; e a pegada ecológica do edifício num local destes é melhor nem ser calculada para não termos um susto.

 

Pior do que isso – salvo exceções muito discretas, o ambiente de participação de outras conferências foi-se: o acesso é controlado centenas de metros em redor; saímos do autocarro e passamos tudo no raio X; não há alertas, canções, o folclore habitual de receção aos delegados; o evento de atribuição do fóssil do dia tem lugar em local recatado na parte de exposições.

 

As árvores de betão que suportam a cobertura deste enorme centro de congressos e também os organizadores da conferência bem que poderiam ser verdadeiramente mais verdes.

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por Quercus às 08:51

A 36 horas do fim? De certeza que não!

Quinta-feira, 06.12.12

Já entrámos na maratona final habitual nestas conferências, mais uma vez com uma probabilidade reduzida de amanhã terminarmos os trabalhos ao fim da tarde. As noites agora começam a ser passadas em branco e há rumores dos motoristas já terem sido contratados para trabalhar até segunda-feira! O jogo irá a prolongamento, mesmo que tudo fique empatado para próximo embate, em 2013, na COP19.

Ainda há muitos temas em aberto. Há uma preocupação generalizada das ONG de que as negociações não estão a tomar o caminho certo, culpa da presidência da Conferência, dos EUA no que respeita às questões relacionadas com financiamento e da União Europeia por causa das AAU (ver próximo parágrafo). Todas as decisões são tomadas nos plenários relativos à Convenção (COP) e ao Protocolo de Quioto (CMP). Para tal, é necessário ter textos tão completos quanto possível, isto é, com poucas opções em aberto para decisão por parte dos Ministros.

Ponto de situação nos diferentes grupos de trabalho:

Protocolo de Quioto (continuação do Protocolo): texto finalizado com 31 páginas (ultima versão aqui em PDF) mas com muitos pontos em aberto para decisão difícil: extensão até 2017 ou 2020; transferência da totalidade e possibilidade de uso de unidades de quantidade atribuída (AAUs em inglês) entre o primeiro período de cumprimento (que agora termina) e o próximo e eventual cancelamento do excesso de emissões de países como a Rússia, Ucrânia e Polónia (tratam-se de licenças que os países têm, mas que principalmente devido à sua atividade económica não utilizaram) – a Polónia é vista como o principal obstáculo a um acordo, sendo que Varsóvia é a cidade proposta para a próxima COP; nível de ambição dos limites associados ao segundo período de cumprimento; inclusão da possibilidade dos mecanismos de Quioto poderem ser utilizados por países (desenvolvidos) fora do Protocolo.

Acordo de Cooperação de Longo Prazo (LCA, em inglês): trata-se de um grupo de trabalho que deverá terminar nesta Conferência e que vem desde Bali (2007) e que supostamente deveria ter tido êxito em 2009 com um acordo em Copenhaga; há um conjunto de assuntos que devem prosseguir através dos chamados órgãos subsidiários e para a denominada plataforma de Durban, mas há questões relacionadas com equidade e financiamento que levam os países em desenvolvimento, em particular Índia, a não permitir que haja consenso. Os trabalhos deste grupo não estão assim ainda preparados para decisão.

Plataforma de Durban (Acordo para 2015 e mitigação até 2020): texto atual (disponível aqui) é melhor após algumas versões e a principal questão está relacionada com o programa de trabalhos que convém ser decidido aqui em Doha (e implementado nas próximas conferências anuais, em encontros que acontecem em Bona a meio do ano dos órgãos subsidiários, ou em workshops específicos). A agenda está ainda muito aquém do desejável e presume-se que só após um acordo relacionado com o Acordo de Cooperação de Longo Prazo (LCA) é que muitos dos países, nomeadamente países em desenvolvimento, se comprometerão com os trabalhos futuros. [Foto: © Sallie Shatz/COP18]

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por Quercus às 12:41

COP18 - Portugal com uma das maiores participações dos últimos anos

Quinta-feira, 06.12.12

O título é deliberadamente provocador. Esta conferência no Qatar obrigou a deslocações aparentemente dispendiosas para um local longínquo (os voos custam o dobro de uma ida a Bruxelas mas os hotéis são ao mesmo preço). Depois de na recente conferência Rio+20 sobre desenvolvimento sustentável no Rio de Janeiro ter havido acusações de demasiado dinheiro gasto pelo Estado na deslocação da comitiva (quando honestamente, e pelo menos no que ao Ministério do Ambiente diz respeito, não nos pareceu que tenha sido o caso), como é possível um record de participantes? A resposta é simples – a delegação oficial de Portugal com deslocações pagas não chega aos dedos de duas mãos – pelas contas da Quercus, entre técnicos dos Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério do Ambiente, incluindo a própria Ministra, são nove, um dos números mais reduzidos de sempre por comparação com outros anos e com outros países europeus. A Quercus por exemplo, assume obviamente os custos da sua própria vinda.

A descoberta é que grande parte da enorme infraestrutura de internet, áudio e vídeo é assegurada por cerca de quarenta profissionais portugueses vindos expressamente para a cobertura do evento, a que acresce um número ainda significativo de outros que são imigrantes no Qatar. Fica-se surpreendido a ouvir falar português pelos corredores, mas neste caso, fiquem os contribuintes descansados, que é à custa da qualidade das empresas e provavelmente também pelos preços competitivos que oferecemos e que assim foram contratadas, que constituímos uma delegação (apenas uma pequena parte oficial…), tão vasta!

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por Quercus às 08:14

"Mais de 190 países debatem no Qatar formas de enfrentar as alterações climáticas"

Quarta-feira, 05.12.12

Na SIC: "Realiza-se até sexta-feira mais uma conferência da ONU sobre alterações climáticas. Mais de 190 países debatem as formas de enfrentar as alterações climáticas, em Doha, no Qatar, numa altura em que os cientistas têm alertado para que o tempo se está a esgotar para evitar consequências mais gravosas da mudança climática."

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por Quercus às 11:50

Abertura do "Segmento de Alto Nível" com os habituais alertas

Terça-feira, 04.12.12

Apesar da Conferência ter quase duas semanas de trabalhos, a parte mais relevante e em que se concretizam eventuais decisões é o chamado segmento de alto nível, cuja abertura acaba de decorrer. Já com os ministros de ambiente de praticamente todos os países do mundo presentes, entre hoje, dia 4, terça-feira, e sexta ou eventualmente sábado se os trabalhos se prolongarem, serão estes políticos que determinarão em parte o caminho, melhor ou pior, que o planeta vai seguir no que respeita às alterações climáticas.

Na sessão de abertura, a secretária-executiva da Convenção, Christiana Figueres apresentou os temas que aguardam progresso e decisão num centro de conferências construído numa estrutura que se baseia numa árvore característica do deserto – a sidra. Apelou à ambição e determinação dos decisores a bem da qualidade de vida das próximas gerações. Seguiu-se a intervenção do Presidente da Conferência, o Vice-Ministro do Qatar Abdullah bin Hamad Al-Attiyah e depois do Presidente da Assembleia das Nações Unidas, Vuk Jeremić que mencionou a necessidade de apostar nas energias renováveis e numa sociedade de baixo consumo, apelando a uma rotura para que o mundo fique melhor do que o encontrámos. [texto do discurso]

A intervenção seguinte foi a do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que mencionou o facto das alterações climáticas serem uma crise a todos os níveis. Deu exemplos das consequências, desde o degelo do Ártico às imagens de Nova Iorque e Pequim submersas em água. Entre outros alertas mencionou que “nós coletivamente somos o problema e por isso nós temos de dar as soluções. (…) Cada atraso significará um aumento dos riscos. (…) Temos de atuar já e com urgência. O ritmo e a escala de ação não são suficientes. Considerou que é preciso ter cinco decisões chave em Doha: acordar um 2º período de compromisso do Protocolo de Quioto: assegurar financiamento de longo prazo para o clima para se atingir 100 mil milhões de dólares em 2020; que há esforços conjuntos de mitigação e adaptação; a necessidade de suporte ao Fundo Climático Verde e ao Centro Tecnológico Limpo; que os governos conseguem assegurar que conseguimos ultrapassar o intervalo entre o atual nível de mitigação proposto e o que é necessário para não se ultrapassar mais de 2º graus em relação ao nível pré-industrial. “Vamos acelerar a transformação necessária e vamos abandonar a empatia e ter ambição. (…) Vamos provar às próximas gerações que temos visão.“ [texto do discurso]

Falou ainda o Emir do Kuwait, Sabah IV Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah, e finalmente o Sheikh Hamad Bin Khalifa Al-Thani, Emir do Qatar (na foto). Este último mencionou o atual clima internacional complicado em termos económicos e de segurança e do papel que as alterações climáticas estão a ter no desenvolvimento sustentável de todos os países a todos os níveis. Lembrou que não há fronteiras e que deve ser abordado de forma integrada e onde a assistência dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento é fundamental. Combater as alterações climáticas implica vontade política e cooperação internacional e estamos ainda longe das aspirações das populações.

Mencionou que o Estado do Qatar (recordista mundial em emissões per capita), já sente os impactes negativos das alterações climáticas e sente também a necessidade de reduzir as suas emissões, mas que é necessário conciliar o desenvolvimento com estas preocupações. Listou os projetos de mitigação existentes e em implementação, nomeadamente os painéis fotovoltaicos que fornecem 12% da energia elétrica do centro onde esta conferência está a ter lugar. Um discurso de agradecimento e promoção do Estado do Qatar, sempre cuidadoso em não mencionar o papel dos combustíveis fósseis, tão caracterizador desta região do Golfo Árabe, nas emissões de gases causadoras das alterações climáticas.

Adenda: os textos dos discursos estão disponíveis aqui em ingês e árabe.

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por Quercus às 13:45

Curta sessão de abertura marca início da COP18

Segunda-feira, 26.11.12

Eram 10h21 no Qatar (7h21 em Portugal) quando a Ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul e Presidente da anterior Conferência que ocorreu em Durban há um ano passou o testemunho para o novo Presidente Abdullah bin Hamad Al-Attiyah do Qatar. Mencionou os principais objetivos conseguidos, a decisão sobre a continuação do Protocolo de Quioto, o lançamento do Fundo Climático Verde, e acima de tudo o estabelecimento de um roteiro para um novo acordo. “Estamos todos aqui sabendo que o nosso futuro depende do nosso trabalho aqui e está ligado à nossa sobrevivência. Contem comigo.”

O Presidente eleito Al-Attiyah fez um discurso curto e pouco emotivo mencionando apenas no entanto que “esta conferência é um ponto de viragem nas negociações sobre alterações climáticas”. Figura polémica por ter sido Presidente da OPEP e estar intimamente ligado aos negócios do petróleo, vai ter pela frente não apenas um trabalho negocial complicado mas também a necessidade de demonstrar uma efetiva imparcialidade.

 Por último, Christiana Figueres, Secretária-Executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, mencionou os desafios que estão pela frente nesta conferência que se realiza pela primeira vez no Golfo Pérsico. Para além de mencionar os desafios pela frente e o papel dos negociadores, terminou dizendo que esta conferência poderia fazer história e terminar na data prevista, sexta-feira, dia 7 de Dezembro. Qualquer conhecedor destas lides sabe que tal será quase impossível!

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por Quercus às 08:12

Cimeira do Clima começa 2ª feira

Sábado, 24.11.12

É urgente decidir e agir!

Começa segunda-feira, dia 26 de Novembro, em Doha, no Qatar, e prolonga-se até dia 7 de Dezembro (eventualmente estendendo-se até domingo, dia 9), a mais importante reunião anual mundial sobre clima, a 18ª Conferência das Partes (COP18) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.

Os acordos alcançados em Durban, em 2011, relançaram a esperança em ultrapassar a desilusão que marcou a Cimeira de Copenhaga em 2009. Há assim a possibilidade de recolocar o mundo num caminho de emissões reduzidas, pronto para tirar partido das oportunidades que surgem pelos novos mercados e inovação tecnológica das tecnologias limpas, pelo investimento, emprego e crescimento económico.

Contudo esta janela de oportunidade estará aberta por pouco tempo. Para tirar partido deste potencial são necessárias ações decisivas na COP18. O nível de ambição a curto prazo tem de ser mais elevado e é imperativo que seja acordado um calendário de negociações de modo a alcançar um regime climático global justo, ambicioso e vinculativo em 2015.

As principais expectativas para Doha [mais aqui]

Estes são alguns dos elementos essenciais que devem ser concluídos em Doha:

  • Acordar um aditamento de um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto (PQ), aplicado a apenas parte dos países desenvolvidos – União Europeia, Noruega, Suiça, Austrália e Nova Zelândia -, com um objetivo de redução de emissões de GEE entre os 25% e 45%, com base nas emissões de 1990.
  • Os países desenvolvidos que não têm obrigações no âmbito do PQ devem demonstrar que conhecem as suas responsabilidades através da adoção de compromissos rigorosos e quantificáveis de redução de emissões de GEE, num esforço comparável e transparente em relação aos países com compromissos no âmbito do PQ.
  • Acordar que o pico global de emissões será alcançado em 2015, o que significa que os países desenvolvidos precisam de reduzir as suas emissões de forma mais rápida e providenciar apoio aos países em desenvolvimento para que estes possam tomar mais medidas de mitigação.
  • Os países em desenvolvimento devem registar as suas ações de mitigação, para além de assumirem reduções voluntárias, incluindo-se aqui o Qatar.
  • Os países desenvolvidos devem assumir um compromisso de financiamento público entre 2013-2015 para o Fundo Verde para o Clima.

Quercus em Doha a partir de 30 de Novembro - blog, facebook e twitter darão conta dos desenvolvimentos relevantes na negociação

A Quercus fará parte da delegação oficial de Portugal como organização não governamental de ambiente e Francisco Ferreira, coordenador do Grupo de Energia e Alterações Climáticas, estará presente a partir de 30 de Novembro. A Quercus irá acompanhar os trabalhos ao longo de toda a Conferência e anunciar diversos relatórios em que participou e que serão lá divulgados, também em Portugal. [comunicado integral em PDF]

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por Quercus às 11:05

Declarações do presidente da COP18 fazem temer pelo sucesso da próxima Conferência do Clima

Quinta-feira, 15.11.12

O presidente da próxima conferência da ONU sobre alterações climáticas, a COP18, considera que o “gás de xisto é uma boa notícia” e vai garantir a segurança energética global para os próximos 300 anos. Em declarações que levantam dúvidas sobre as ambições do Qatar para as negociações que começam a 26 de Novembro, em Doha, o vice-primeiro-ministro Abdullah bin Hamad Al-Attiyah defendeu que a exploração de fontes não convencionais de combustíveis fósseis seria boa para os consumidores. "É uma boa notícia, porque dá aos consumidores mais confiança no gás".

As declarações de Al-Attiyah, ex-presidente da OPEP, surgem um dia depois da Agência Internacional de Energia (IEA) ter advertido que "para evitar o aquecimento de 2 ° C, o planeta não pode consumir acima de um terço das reservas comprovadas de combustíveis fósseis até 2050, a não ser que entretanto possam ser implementadas tecnologias de captura e armazenamento de carbono”.

Para o WWF, é vital que os países entendam que o mundo precisa de afastar-se do petróleo e do gás. "Todos os governos precisam entender que o futuro não pode ser abastecido a energias fósseis. Há enormes emissões de gases de efeito estufa na produção e consumo de carvão, petróleo, gás, e a única maneira de minimizar a crise do clima é manter estes recursos no subsolo", defende Kat Watts. Para esta especialista em alterações climáticas, “o relatório da IEA é um alerta importante, mas mesmo nesse cenário há apenas 50% de hipótese de manter o planeta abaixo de um aumento da temperatura de 2 º C".

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por Quercus às 14:11

Aquecimento global dispara para 3,5 ºC. Quercus acompanha a Conferência das Alterações Climáticas 2012

Sexta-feira, 26.10.12

A atual falta de ambição à escala mundial na redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) está a levar o mundo para o caminho de um aquecimento entre 3,5º e 6,0º Celsius e de uma enorme crise climática. A 18ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP18) que terá lugar em Doha, Qatar, de 26 de Novembro a 7 de Dezembro, terá de tomar decisões para inverter o sentido dos acontecimentos que se adivinham.

A Quercus estará em Doha e já está a acompanhar as discussões e trabalhos preparativos através do Blog http://doha.blogs.sapo.pt.

Os acordos alcançados em Durban, em 2011, abriram novamente a possibilidade de reverter, pelo menos em parte, os piores cenários de aquecimento global e recolocar o mundo num caminho de emissões reduzidas, pronto para tirar partido das oportunidades que surgem pelos novos mercados e inovação tecnológica das tecnologias limpas, pelo investimento, emprego e crescimento económico. Para alcançar este potencial são necessárias ações decisivas na COP18. O nível de ambição a curto prazo tem de ser mais elevado e tem de ser acordado um calendário de negociações para conseguir um regime climático global justo, ambicioso e vinculativo, num acordo que terá de estar finalizado até 2015 para entrar em vigor até 2020.

Os elementos essenciais para serem concluídos em Doha, incluem:

· O compromisso para a continuação em vigor do Protocolo de Quioto (PQ) num segundo período que se poderá estender até 2017 ou 2020, com um objetivo de redução de emissões de gases de efeito de estufa entre os 25% e 45% para os países desenvolvidos (para 2020), com base nas emissões de 1990, e um procedimento de ajustamento a níveis de ambição mais elevados.

· A demonstração pelos países desenvolvidos que não têm obrigações no âmbito do PQ que conhecem as suas responsabilidades através da adoção de compromissos rigorosos e quantificáveis de redução de emissões de GEE, num esforço comparável e transparente em relação aos países com compromissos no âmbito do PQ.

· O registo pelos países em desenvolvimento das suas ações de mitigação, para além de assumirem reduções voluntárias – incluindo o Qatar.

· O acordo para um pico global de emissões a ser alcançado em 2015, o que significa que os países desenvolvidos precisam de reduzir as suas emissões de forma mais rápida e providenciarem apoio aos países em desenvolvimento para estes poderem tomar mais medidas de mitigação.

O atraso sucessivo na tomada de decisões à escala global depois do insucesso da Conferência das Nações Unidas em Copenhaga (em 2009) está a pôr em causa o futuro do planeta, com consequências visíveis e dramáticas como o recente recorde de degelo verificado no Ártico neste Verão de 2012. Com um Protocolo de Quioto mais fragilizado, com o Canadá de fora para além dos Estados Unidos da América, a Rússia e Japão a não se quererem comprometer com novas metas, é fundamental o compromisso e trabalho para alcançar um acordo mundial em 2015, como aprovado na Conferência de Durban no ano passado.

À escala da União Europeia, é possível e urgente aumentar o nível de ambição de redução de emissões para pelo menos 30% entre 1990 e 2020 (em 2011 já se tinha atingido 17,5% de redução, próximo do objetivo de 2020 que é uma redução de 20%).

Em Portugal, que de acordo com o relatório mais recente da Agência Europeia de Ambiente, em 2011 teve um aumento de 16,5% de emissões em relação a 1990, mais de 10% abaixo do permitido pelo Protocolo de Quioto, é fundamental traçar metas mais ambiciosas e dar sequência ao Roteiro Nacional de Baixo Carbono, elaborando até final do ano o Programa Nacional para as Alterações Climáticas 2013-2020, e respetiva distribuição setorial de emissões.

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

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O que é a COP18?

Sexta-feira, 05.10.12

COP18 é a designação dada à décima oitava Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, que irá decorrer em Doha, no Qatar, entre 26 de Novembro e 7 de Dezembro.

Um dos temas em cima da mesa será o futuro do Protocolo de Quioto, nomeadamente de que forma irá decorrer o segundo período de cumprimento, que deverá ter início a 1 de Janeiro de 2013. Outro aspecto importante serão as negociações decorrentes da Plataforma de Durban para uma Acção Reforçada em torno de um novo protocolo, instrumento legal ou resultado acordado com força legal na Convenção, aplicável a todas as Partes, que assegure que o aumento de temperatura do planeta não vá além de 2 ºC, ou, preferencialmente, 1,5 ºC.

Através deste blogue poderá acompanhar a participação da Quercus nesta conferência, bem como encontrar ligações para o trabalho desenvolvido durante as últimas seis reuniões: COP17 (2011), COP16 (2010), COP15 (2009), COP14 (2008), COP13 (2007) e COP12 (2006). Encontrará igualmente informação sobre o tema em http://alteracoesclimaticas.quercus.pt.

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por Quercus às 23:55