Portugal ocupa 1º lugar na Europa com menores emissões de CO2 dos veículos novos vendidos em 2011
Portugal ocupa, no quadro dos 27 Estados-Membros da União Europeia (UE), a primeira posição do ranking no que diz respeito à frota de novos veículos ligeiros, mais eficientes e mais limpos. Em 2011, os novos veículos ligeiros de passageiros em Portugal, emitiram, em média, 122,8gCO2/km, seguido por Malta (124,5gCO2/km) e pela Dinamarca (125gCO2/km). Estas são as conclusões de um estudo hoje publicado, em Bruxelas, pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), da qual a Quercus faz parte.
Existem vários fatores que justificam este desempenho positivo de Portugal: a frota média é dominada por veículos de dimensões mais reduzidas (e menos poluentes) do que a média dos países da UE e a carga fiscal beneficia os veículos menos poluentes, com a componente de emissões de CO2 a ser ponderada em 60% no Imposto sobre os Veículos (IA) e no Imposto Único de Circulação (IUC). A crise económica que o país atravessa terá também resultado no decréscimo das vendas de novos veículos ligeiros, destacando as vendas dos mais eficientes.
O estudo da T&E sustenta que os fabricantes de automóveis europeus estão a ter um melhor desempenho do que a maioria dos seus concorrentes asiáticos(1) de modo a atingir a meta de redução das emissões para os novos veículos ligeiros de passageiros de 95 gCO2/km em 2020, definida pela legislação europeia. Na corrida para atingir esta meta, todos os fabricantes europeus (exceto a Daimler AG) estão entre os primeiros nove lugares com bom desempenho, enquanto cinco dos últimos seis fabricantes automóveis com pior desempenho são asiáticos.
Este estudo da T&E é publicado anualmente desde 2006 e avalia o progresso dos fabricantes automóveis europeus no esforço de redução das emissões de CO2 dos novos veículos ligeiros de passageiros por forma a atingir a meta para 2015 (130gCO2/km) (2). Em 2012, e pela primeira vez(3), o estudo aborda também o progresso dos fabricantes para atingir a meta para 2020 (95gCO2/km), e atesta que é mais fácil cumprir as metas europeias de redução das emissões do que a indústria europeia tem vindo a invocar, desde que a legislação europeia entrou em vigor (2009).
De um modo geral, e considerando o ano de 2011, a indústria automóvel conseguiu reduzir os consumos de combustível e as emissões de CO2 em 3,3%. Isto significa que, quatro anos antes da data prevista, a meta de 130 gCO2/km para 2015 está apenas a 4% de distância. Entre as principais marcas automóveis, a Fiat, a Toyota e a Peugeot-Citroën já atingiram, em 2012, a meta de emissões para 2015.
Nos últimos quatro anos, as emissões de CO2 dos novos automóveis foram reduzidas a uma taxa anual de 4%. Com base na evolução tecnológica, o estudo estima que os fabricantes europeus de automóveis precisam de melhorar a eficiência dos veículos (e reduzir emissões de CO2), a uma taxa anual de apenas 3,8% para atingir a meta de 95 gCO2/km em 2020.
O estudo da T&E constata ainda que os fabricantes de automóveis estão a reduzir os consumos de combustível e emissões de CO2 dos veículos, não só através de melhorias tecnológicas introduzidas nos motores automóveis, mas também pela “manipulação” e sobrevalorização dos resultados dos testes que os comprovam, pelo que a diferença entre os valores “oficiais” e os valores “reais” tem vindo a aumentar.
Segundo Jos Dings, da T&E, “as organizações não governamentais de ambiente já constataram que os fabricantes europeus de automóveis estão no bom caminho para ultrapassar a meta de emissões de CO2 em 2015 (130gCO2/km) por uma grande margem. Sabemos agora que a maioria está também no caminho certo para atingir a meta de emissões para 2020 (95gCO2/km), e que os fabricantes europeus estão melhor posicionados para atingir esta meta do que os seus concorrentes asiáticos. Portanto, é importante que a Comissão Europeia estabeleça agora uma meta mais ambiciosa de 60gCO2/km, a atingir em 2025. Em jogo não está apenas o futuro do planeta, mas também mais poupanças para o bolso dos condutores em despesas de combustível, com veículos mais limpos".
Já Francisco Ferreira, da Quercus, reforça que “é importante a indústria automóvel continuar empenhada em reduzir as emissões de CO2 dos novos veículos e dê prioridade a tecnologias menos poluentes. Por exemplo, o peso dos veículos é um fator determinante para reduzir o consumo de combustível e emissões, e obter grandes poupanças em faturas de combustível, e muito pode ainda fazer-se neste campo. Este é um passo fundamental para cumprir a meta de redução de gases de efeito de estufa dos transportes em 60%, até 2050, e manter a liderança da política climática e a competitividade da economia da UE face aos países emergentes.”
Lisboa, 5 de dezembro de 2012
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
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ONG pedem mais ambição aos ministros e delegados presentes na COP18
Um grupo de 156 organizações não governamentais de 74 países, entre as quais a Quercus, pediu hoje aos países reunidos na COP18, em Doha, no Qatar, para aumentarem significativamente os seus compromissos de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e para acabarem com as lacunas existentes entre os objetivos de redução propostos e os necessários no âmbito do Protocolo de Quioto. Se isso não acontecer, avisam, não teremos hipótese de evitar os efeitos catastróficos das alterações climáticas.
Na carta enviada (ver em inglês, francês, ou espanhol), as ONG insistem que é fundamental acabar com as licenças de emissão excedentárias que transitaram do primeiro para o segundo período de cumprimento do Protocolo de Quioto, também conhecidas por “ar quente”. Pedem também restrições na concessão e utilização de créditos de emissão decorrentes do sistema de Implementação Conjunta (JI) e do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM), um sistema que dizem não ter supervisão adequada, nem oferecer as salvaguardas previstas nas normas internacionais de direitos humanos.
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Estourar a bolha de ar quente!
Umas impressionantes 13 mil milhões licenças de emissão (AAU) de gases com efeito de estufa (GEE) vão sobrar do primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto. Estas licenças, chamadas também de “ar quente”, são uma ameaça à integridade do segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto e de qualquer futuro acordo climático.
É preciso relembrar que estas emissões “sobraram” devido às emissões previstas terem ficado muito abaixo das verificadas. A Polónia, por exemplo, tem um compromisso de uma redução de 6% em relação às emissões de 1988, apesar do facto de em 1997, quando as metas de Quioto foram estabelecidos, as emissões da Polónia já serem 20% abaixo dos níveis de 1988.
As ONG alertam para não se cair na falsa afirmação de que o “ar quente” seja resultado de uma forte dedicação ao corte de emissões. Não o é e a queda económica não pode ser motivo para os países herdarem direitos de emissão. Se isto acontecer vai assistir-se a uma queda vertiginosa do preço atribuído às licenças de emissão.
O problema é tão grande que, mesmo se os países desenvolvidos aumentarem os compromissos de redução no segundo período de compromisso, não precisam de reduzir emissões, bastará comprar licenças de emissão excedentárias de outros. Para restituir parte da integridade ambiental neste segundo período é necessário estourar a bolha de ar quente. A proposta do G77 e China é a de cancelar a decisão de que as emissões excedentárias transitem entre períodos de compromisso.
Vale a pena este caminho? Certamente que sim. Neste momento estamos num caminho de poluição que poderá levar a um aquecimento de 4º C ou mais. Além disso, os impactos associados a um aumento mesmo de 2º C foram revistos em alta e agora são considerados "perigosos" e "extremamente perigosos". Um mundo para além 2º C vai ameaçar a própria existência da civilização como a conhecemos. Ouviu falar? Preocupado? Então vamos estourar a bolha de ar quente!
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China divulga relatório e defende crescimento das emissões de carbono
O principal negociador chinês, Xie Zhenhua, que estará na COP18, afirmou ao The Guardian que as emissões continuarão a subir até o PIB chinês aumentar cerca cinco vezes em relação ao valor atual. Xie Zhenhua disse que seria injusto e irracional esperar cortes nas emissões quando o PIB per capita é de US$5.000, acrescentado que os atuais países desenvolvidos atingiram o pico das suas emissões quando o PIB per capita estava entre os US$40.000 e os US$50.000. Porém, este representante chinês prevê que o pico das emissões chinesas aconteça quando o PIB per capita for metade do mundo industrializado, estabilizando e depois começando a cair.
Estas declarações acontecem na mesma altura em que é conhecido o relatório da República Popular da China, “para permitir que todas as partes compreendam a China, ações e políticas sobre as alterações climáticas, e divulgar os resultados positivos alcançados desde 2011.”
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A história das negociações climáticas em 83 segundos
Como evoluíram as negociações internacionais sobre alterações climáticas? O CICERO (Center for International Climate and Environmental Research – Oslo) resume a complexidade do assunto neste animado vídeo de 83 segundos:
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OMM: Concentração de GEE atinge novo recorde
A concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera atingiu um novo recorde em 2011, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Entre 1990 e 2011 houve um aumento de 30% do forçamento radiativo – a retenção de radiação pelos gases – devido ao dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito de estufa.
Desde a era pré-industrial, já foram libertadas para a atmosfera cerca de 375 mil milhões de toneladas de CO2, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Cerca de metade desse dióxido de carbono permanece na atmosfera, sendo o restante absorvido pelos oceanos e pela biosfera terrestre. "Esses mil milhões de toneladas de dióxido de carbono adicional na atmosfera vão permanecer lá por séculos, fazendo com que nosso planeta aqueça ainda mais, com impacto sobre todos os aspetos da vida na Terra", disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.
As emissões futuras só irão piorar a situação
"Até agora, os sumidouros de carbono (florestas) absorveram quase metade do dióxido de carbono emitido para a atmosfera, mas isso não vai necessariamente continuar no futuro. Já vimos que os oceanos estão a tornar-se mais ácidos como resultado da absorção do CO2, com possíveis repercussões para a cadeia alimentar submarina e recifes de coral. Há muitas interações adicionais entre os GEE, a biosfera terrestre e os oceanos, e precisamos aumentar a nossa capacidade de monitorização e de conhecimento científico, a fim de entender melhor estes fenómenos", disse Jarraud.
"A rede da OMM “Watch Global Atmosphere”, que abrange mais de 50 países, e fornece medições precisas que formam a base para o estudo das concentrações de GEE, incluindo as suas várias fontes, sumidouros e transformações químicas na atmosfera", disse Jarraud. O papel dos sumidouros de carbono é essencial na equação de carbono global. Se o CO2 extra emitido é armazenado em reservatórios, tais como os oceanos profundos, onde pode ficar retido por centenas ou mesmo milhares de anos, ou se, em contraste, as novas florestas só poderão reter o carbono por um período de tempo muito mais curto.
O boletim da OMM reporta-se às concentrações atmosféricas - e não às emissões - de gases de efeito estufa. As emissões representam o que vai para a atmosfera. A concentração representa o que permanece na atmosfera depois do sistema complexo de interações entre a atmosfera, a biosfera e os oceanos.
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Alterações climáticas fora do Plano de Ação: Comissão Europeia cede à pressão da indústria automóvel
A Comissão Europeia (CE) tem um novo Plano de Ação «CARS 2020»1 que visa reforçar a competitividade e a sustentabilidade da indústria automóvel no âmbito do programa «Horizonte 2020». A Quercus e outras Organizações Não Governamentais (ONG) europeias, destacam que este Plano de Ação omite os principais desafios ambientais estratégicos de política da União Europeia (como as alterações climáticas e a eficiência energética) e representa uma oportunidade falhada na estratégia de redução das emissões poluentes do transporte rodoviário, sobretudo veículos ligeiros e pesados.
A implementação de medidas fundamentais para reduzir o impacto energético e climático do transporte rodoviário tem sido esquecida pela CE, fruto de grandes pressões da indústria automóvel. Esta conclusão parte de informações obtidas pelas ONG de ambiente junto da CE e tem motivado atrasos na preparação e aprovação de nova regulamentação sobre:
- novos veículos comerciais ligeiros mais eficientes (por exemplo, através da instalação de indicadores de mudança de velocidade para obter poupanças de combustível), devido às fracas vendas deste tipo de veículos em vários Estados-Membros da União Europeia (UE);
- a redução das emissões de poluentes atmosféricos dos novos veículos ligeiros comerciais e de passageiros;
- metas mais ambiciosas de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) para os novos veículos ligeiros comerciais e de passageiros a atingir no pós-2020, para tornar estes veículos mais eficientes.
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Declarações do presidente da COP18 fazem temer pelo sucesso da próxima Conferência do Clima
O presidente da próxima conferência da ONU sobre alterações climáticas, a COP18, considera que o “gás de xisto é uma boa notícia” e vai garantir a segurança energética global para os próximos 300 anos. Em declarações que levantam dúvidas sobre as ambições do Qatar para as negociações que começam a 26 de Novembro, em Doha, o vice-primeiro-ministro Abdullah bin Hamad Al-Attiyah defendeu que a exploração de fontes não convencionais de combustíveis fósseis seria boa para os consumidores. "É uma boa notícia, porque dá aos consumidores mais confiança no gás".
As declarações de Al-Attiyah, ex-presidente da OPEP, surgem um dia depois da Agência Internacional de Energia (IEA) ter advertido que "para evitar o aquecimento de 2 ° C, o planeta não pode consumir acima de um terço das reservas comprovadas de combustíveis fósseis até 2050, a não ser que entretanto possam ser implementadas tecnologias de captura e armazenamento de carbono”.
Para o WWF, é vital que os países entendam que o mundo precisa de afastar-se do petróleo e do gás. "Todos os governos precisam entender que o futuro não pode ser abastecido a energias fósseis. Há enormes emissões de gases de efeito estufa na produção e consumo de carvão, petróleo, gás, e a única maneira de minimizar a crise do clima é manter estes recursos no subsolo", defende Kat Watts. Para esta especialista em alterações climáticas, “o relatório da IEA é um alerta importante, mas mesmo nesse cenário há apenas 50% de hipótese de manter o planeta abaixo de um aumento da temperatura de 2 º C".
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Biomassa "mais suja" do que o carvão na produção de energia
Queimar madeira nas centrais britânicas de produção de energia é mais poluente do que queimar carvão, conclui o relatório Dirtier than Coal? (PDF) das ONG Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), Amigos da Terra e Greenpeace. O estudo usa dados do próprio Governo britânico para demonstrar que a queima de madeira para gerar electricidade é pior para o clima do que o carvão, porque a geração de energia a partir de árvores coníferas resulta em emissões 49 por cento acima das emitidas pela queima de carvão.
O relatório surge após algumas das maiores centrais a carvão terem manifestado a intenção de trocar o carvão pela lenha. "Quando se queimam árvores nestas centrais produz-se CO2, tal como na queima de carvão. A diferença é que a madeira tem menos densidade energétca e é mais húmida do que o carvão, pelo que é preciso muito mais energia para a colheita, o transporte e processamento e, finalmente, a queima", explica Harry Huyton, director de política climática da RSPB.
As três organizações pedem ao Governo que cancele qualquer subsídio à queima de madeira nestas centrais e em novas unidades de produção de energia apenas dependentes da biomassa. Em alternativa, as ONG pedem que o Governo concentre esforços na implementação de um sector de bioenergia de pequena escala com base em matérias-primas sustentáveis do Reino Unido, incluindo resíduos de madeira e de silvicultura, bem como o investimento contínuo em energia limpa, verde e renovável, como a eólica, a solar e a energia das ondas.
As ONG alertam ainda que se os subsídios do governo se concretizarem, serão queimadas 30 milhões de toneladas de madeira por ano, um valor seis vezes superior à colheita total no Reino Unido. "Essa enorme procura vai prejudicar as indústrias tradicionais que dependem de madeira para móveis e materiais de construção, por exemplo, que terão de usar outros materiais como plástico e cimento, que são piores para o ambiente", acrescenta Huyton.
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UE falha na eliminação das licenças excedentárias de Quioto
As ONG europeias de ambiente lamentam que a UE não tenha conseguido chegar a uma posição comum sobre as licenças de emissão excedentárias do primeiro período de compromisso de Quioto, que atingem 13 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente. Depois de mais de três anos de discussão e com uma proposta clara do grupo G-77 e da China no sentido de que a utilização destes excedentes deve ser contida e minimizada, esta não-decisão coloca a UE em desvantagem nas próximas negociações climáticas que terão lugar em Novembro, em Doha, na COP18, e ameaçam um futuro acordo climático.
Um dos principais opositores à eliminação destas licenças foi a Polónia, país detentor do maior número deste tipo de licenças excedentárias, que insistiu que não devem existir limitações à utilização ou transferência das licenças para o segundo período de compromisso. Em 1997, a Polónia comprometeu-se a reduzir 6% das emissões em relação ao ano de 1988, mas as emissões do país nesta data eram já 20% inferiores às de 1988, pelo que o excedente não resulta de um verdadeiro esforço de redução, situação que é idêntica à da Rússia e da Ucrânia. [Fonte: CDM Watch]
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Aquecimento global dispara para 3,5 ºC. Quercus acompanha a Conferência das Alterações Climáticas 2012
A atual falta de ambição à escala mundial na redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) está a levar o mundo para o caminho de um aquecimento entre 3,5º e 6,0º Celsius e de uma enorme crise climática. A 18ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP18) que terá lugar em Doha, Qatar, de 26 de Novembro a 7 de Dezembro, terá de tomar decisões para inverter o sentido dos acontecimentos que se adivinham.
A Quercus estará em Doha e já está a acompanhar as discussões e trabalhos preparativos através do Blog http://doha.blogs.sapo.pt.
Os acordos alcançados em Durban, em 2011, abriram novamente a possibilidade de reverter, pelo menos em parte, os piores cenários de aquecimento global e recolocar o mundo num caminho de emissões reduzidas, pronto para tirar partido das oportunidades que surgem pelos novos mercados e inovação tecnológica das tecnologias limpas, pelo investimento, emprego e crescimento económico. Para alcançar este potencial são necessárias ações decisivas na COP18. O nível de ambição a curto prazo tem de ser mais elevado e tem de ser acordado um calendário de negociações para conseguir um regime climático global justo, ambicioso e vinculativo, num acordo que terá de estar finalizado até 2015 para entrar em vigor até 2020.
Os elementos essenciais para serem concluídos em Doha, incluem:
· O compromisso para a continuação em vigor do Protocolo de Quioto (PQ) num segundo período que se poderá estender até 2017 ou 2020, com um objetivo de redução de emissões de gases de efeito de estufa entre os 25% e 45% para os países desenvolvidos (para 2020), com base nas emissões de 1990, e um procedimento de ajustamento a níveis de ambição mais elevados.
· A demonstração pelos países desenvolvidos que não têm obrigações no âmbito do PQ que conhecem as suas responsabilidades através da adoção de compromissos rigorosos e quantificáveis de redução de emissões de GEE, num esforço comparável e transparente em relação aos países com compromissos no âmbito do PQ.
· O registo pelos países em desenvolvimento das suas ações de mitigação, para além de assumirem reduções voluntárias – incluindo o Qatar.
· O acordo para um pico global de emissões a ser alcançado em 2015, o que significa que os países desenvolvidos precisam de reduzir as suas emissões de forma mais rápida e providenciarem apoio aos países em desenvolvimento para estes poderem tomar mais medidas de mitigação.
O atraso sucessivo na tomada de decisões à escala global depois do insucesso da Conferência das Nações Unidas em Copenhaga (em 2009) está a pôr em causa o futuro do planeta, com consequências visíveis e dramáticas como o recente recorde de degelo verificado no Ártico neste Verão de 2012. Com um Protocolo de Quioto mais fragilizado, com o Canadá de fora para além dos Estados Unidos da América, a Rússia e Japão a não se quererem comprometer com novas metas, é fundamental o compromisso e trabalho para alcançar um acordo mundial em 2015, como aprovado na Conferência de Durban no ano passado.
À escala da União Europeia, é possível e urgente aumentar o nível de ambição de redução de emissões para pelo menos 30% entre 1990 e 2020 (em 2011 já se tinha atingido 17,5% de redução, próximo do objetivo de 2020 que é uma redução de 20%).
Em Portugal, que de acordo com o relatório mais recente da Agência Europeia de Ambiente, em 2011 teve um aumento de 16,5% de emissões em relação a 1990, mais de 10% abaixo do permitido pelo Protocolo de Quioto, é fundamental traçar metas mais ambiciosas e dar sequência ao Roteiro Nacional de Baixo Carbono, elaborando até final do ano o Programa Nacional para as Alterações Climáticas 2013-2020, e respetiva distribuição setorial de emissões.
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
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ONG pedem aos ministros da UE que acabem com as licenças de emissão excedentárias e salvem um futuro acordo climático
Os ministros do ambiente reúnem hoje no Luxemburgo para concertar posições para as negociações globais sobre o clima que terão lugar no final de Novembro na COP18, em Doha, no Qatar. Embora a UE tenha declarado que vai aderir ao segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, que começa em 2013, está longe de ser claro se o protocolo vai continuar. Há ainda várias questões vitais que precisam ser resolvidas, incluindo como lidar com o gigantesco excedente de licenças de emissão do primeiro período de compromisso.
As atuais regras e os compromissos insuficientes de redução de emissões permitem que a Europa e alguns países ricos continuem a emitir gases de efeito estufa num ritmo ‘business-as-usual’, enquanto acumulam mais de 17 mil milhões de toneladas de licenças de emissão excedentárias até 2020. Os maiores detentores destes excedentes têm até agora mantido uma postura firme na defesa do direito de vender estas licenças. No entanto, porque o excedente total é mais de mil vezes superior à procura estimada, estes países não serão capazes de gerar receitas significativas, porque o preço das unidades de quantidade atribuída* (AAU, na sigla em inglês) caiu de 13 euros em 2008 para menos de 0,5 euros em 2012.
Em Agosto, em Banguecoque, nas negociações da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, o G77 (grupo dos países em desenvolvimento) e a China apresentaram uma proposta para efetivamente conter e minimizar a utilização destes excedentes. A proposta do G77 respeita todos os requerimentos que a UE estipulou nas conclusões do Conselho de Março de 2011, reunião que estabeleceu as condições para um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto.
No início de Outubro, mais de 30 ONG europeias, incluindo a Quercus, enviaram cartas abertas aos 27 ministros do ambiente da UE, exigindo que a proposta do G77 seja apoiada sem ser enfraquecida. As ONG defendem que é de particular importância que a UE apoie o cancelamento das emissões excedentárias transitadas no final do segundo período do Protocolo de Quioto, bem como seja eliminada a possibilidade de poderem ser acumuladas emissões excedentárias durante o segundo período de cumprimento. [Adaptado de CDM Watch]
*As unidades de quantidade atribuída (AAU, na sigla em inglês) são licenças de emissão negociáveis no âmbito do Protocolo de Quioto, acordo que prevê que os países possam transferir para o próximo período de compromisso todas as licenças não utilizadas. Uma AAU permite que um país emita 1 tonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2-eq). Estas emissões excendentárias do primeiro período de compromisso (2008-2012) estão estimadas em mais de 13 mil milhões de toneladas de CO2-eq, mas podem aumentar cerca para cerca 17 mil milhões durante o segundo período de cumprimento do Protocolo. Rússia (5,8), Ucrânia (2,6) e Polónia (0,8) são os maiores detentores.
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UE diminui 2,5% nas emissões de gases com efeito de estufa em 2011
As emissões de gases com efeitos de estufa (GEE) na União Europeia diminuíram em média 2,5% entre 2010 e 2011, apesar de terem aumentado em alguns países, avança a Agência Europeia do Ambiente num inventário de emissões divulgado hoje. O documento inclui estimativas preliminares das emissões de GEE durante o ano passado e aponta no sentido de que "quase todos os países europeus avançaram no cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito do Protocolo de Quioto." Portugal insere-se no conjunto de países cujas emissões permaneceram estáveis em 2011.
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Novo estudo mostra que o Protocolo de Quioto permite emissões excendentárias que ameaçam um futuro acordo global
As atuais regras do Protocolo de Quioto permitem aos países conservar as unidades de quantidade atribuída ( AAU, na sigla em inglês) do primeiro para o segundo período de cumprimento do Protocolo de Quioto. Estas emissões excendentárias estão estimadas em mais de 13 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2-eq), um valor mais de mil vezes superior ao inicialmente previsto, segundo novos estudos independentes.
As emissões excedentes podem aumentar cerca para cerca 17 mil milhões de toneladas CO2-eq durante o segundo período de cumprimento do Protocolo, devido aos inadequados compromissos de redução assumidos pelas Partes. As AAU excedentárias na União Europeia durante ao primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto estão estimadas em mais de 4 mil milhões de toneladas CO2-eq. Portugal deverá ter um excedente de 61,8 de milhões de toneladas de CO2-eq. O estudo pode ser consultado aqui.