E o prémio “Fóssil Colossal 2012” vai para… Canadá e Nova Zelândia!
Há um empate para o chamado "Fóssil Colossal”: Canadá e Nova Zelândia. Depois de um reinado de cinco anos como Fóssil Colossal, parece que o Canadá se continua a recusar curvar-se graciosamente para a irrelevância que tem vindo a revelar como um retardatário histórico nas negociações climáticas. A chegada da Nova Zelândia, país que parece esquecer a realidade climática que tanto afeta o Pacífico, foi realmente o único desafio que o Canadá enfrentou.
Embora o Canadá possa partilhar a honra por mais um ano, as ONG da Rede de Ação Climática entendem que as areias betuminosas do país estão a permitir uma vantagem injusta nesta competição, concluindo que o Canadá pratica “doping de carbono”...
Para um país cujas emissões são semelhantes em escala às das areias betuminosas do Canadá, a Nova Zelândia demonstrou uma cegueira excepcional perante a realidade científica e política. Para surpresa de alguns e deceção geral, a Nova Zelândia lutou muito para destronar o Canadá, numa campanha de extremo egoísmo e irresponsabilidade. E se a Nova Zelândia pode ter ajudado a “afogar” as negociações por mais um ano, os seus pequenos e vulneráveis vizinhos do Pacífico podem estar certos de que não foram esquecidos: a Nova Zelândia tem a intenção de afogá-los também!
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Fósseis do dia de quinta-feira: UE, Polónia e presidência da COP18
O primeiro lugar do Fóssil do Dia foi atribuído ontem à União Europeia, uma novidade nesta COP18, que decorre da falta de empenho na defesa do cancelamento das licenças de emissão excedentárias (“Ar quente”) no final do segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto. No entanto, é um prémio “entre parênteses”, porque as ONG ainda têm esperança de que a UE não se deixe intimidar pela Polónia e defenda o fim do “Ar quente”.
No penúltimo dia da COP18, o segundo lugar do Fóssil do Dia foi para a Polónia, país que parece ter “fossilizado” a posição sobre a questão do “Ar quente”. Os polacos insistem em transferir as licenças excedentárias do primeiro para o segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, opondo-se veementemente ao cancelamento destas licenças excedentárias no final do segundo período. As ONG da Rede de Ação Climática alertam que este comportamento não inspira qualquer confiança para o país que irá presidir à COP19 em 2013.
Por último, em terceiro lugar, as ONG destacaram a má prestação da presidência da COP18, a cargo do Qatar, pela falta de liderança e de ambição nas negociações no âmbito da Plataforma de Durban para Ação Fortalecida (ADP).
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Mais dois "Fósseis do Dia": Polónia e Rússia
A Polónia, país que irá receber a próxima Conferência do Clima, venceu ontem o “Fóssil do Dia”, o galardão da Rede de Ação Climática (CAN) para os países com pior comportamento nas negociações climáticas. A distinção deve-se à postura do país sobre a utilização das unidades de quantidade atribuída (AAU, na sigla em inglês), licenças de emissão excedentárias do primeiro período de compromisso do Protocolo de Quito. As ONG defendem que estes excedentes não devem transitar para o segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, mas a Polónia, a par da Rússia e da Ucrânia, não quer prescindir dessas licenças.
O segundo lugar foi para a Rússia, após o vice-primeiro-ministro russo ter confirmado na quarta-feira que não vai aderir ao segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto. Esta ausência significa que o país ficará de fora dos futuros projectos de Implementação Conjunta (JI), cenário que segundo a CAN terá um efeito negativo sobre a economia e sobre um desenvolvimento de baixo carbono na Rússia.
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Não há conferências do clima sem os prémios “Fóssil do Dia”
À semelhança de conferências anteriores, as organizações não-governamentais (ONG) presentes na COP18, em Doha, no Qatar, atribuem diariamente o galardão “Fóssil do Dia” (Fossil of the Day) aos países com pior comportamento negocial. A iniciativa da Rede de Ação Climática (CAN, na sigla inglesa para Climate Action Network) teve início na segunda-feira, com o galardão a ser entregue aos Estados Unidos, Canadá, Rússia, Japão e Nova Zelândia, pelo seu afastamento de um tratado multilateral vinculativo e do próprio Protocolo de Quioto.
Ontem foi a vez da Turquia, país que é o quarto maior investidor do mundo em carvão e teve a maior taxa relativa de crescimento das emissões anuais de gases com efeito estufa (GEE) entre 1990 e 2010. A justificar a distinção está ainda a postura do governo turco ao nomear 2012 como o “Ano do Carvão”, e a afirmação de que não cumprirá as metas no segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto. O segundo lugar foi para a União Europeia (UE), que já atingiu a promessa de 20% de redução até 2020 e, segundo a CAN, não deve permanecer mais uma década sem novas metas mais ambiciosas.
Esta quarta-feira, o país agraciado com o primeiro lugar foi o Canadá, pela intenção de restrição do financiamento aos países do terceiro mundo e pelas posições contra novos compromissos com metas mais ambiciosas. O ministro do ambiente terá dito em conversas informais que os países em desenvolvimento não devem contar com mais recursos canadianos para financiar medidas de adaptação às alterações climáticas. As ONG acusam o Canadá de fazer o contrário do que deve: está a cortar no financiamento e a aumentar as emissões.
Em segundo lugar ficou a Nova Zelândia, por não definir a sua meta de redução para o segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, e por propor que o acesso ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) deve ser aberto a todos e não depender da assinatura de um segundo período de compromisso. Finalmente, em terceiro lugar, ficaram os Estados Unidos, por mais uma vez rejeitar medidas exigentes de redução das emissões de GEE e pela assinatura, ontem, pelo presidente Obama, de uma lei que permite às empresas aéreas do país não cumprir os regulamentos europeus para voos dentro e fora da UE. Mais em http://climatenetwork.org/fossil-of-the-day